Breve lento fulgor de onda
Breve lento fulgor de onda
brusco instante periférico
recebe-me, espesso sangue primeiro
intenso choro depois
vem, divide esta espera
e recebe-me no interior
do fogo da tua inocência.
Certo amanhecer no espelho
cíclica conjunção de nomes,
que o teu rosto se separe
e no corpo se junte só
o que sangro e as asas
construído céu de areia
por sobre pedra e sobre pó.
No frio de outono esta neve
é mais pura que o sol
relâmpago sobre o mar
de nuvens que te aquece
se eu souber como
recebe-me, subtrai-me ao
teu ritmo, recebe-me.
Breve lento fulgor de onda
partir em dois este sangue
e ver crescer a carne
primeiro e os olhos depois
no espaço do beijo
o choro e o riso e
a conquista do primeiro passo.
No teu corpo inicia-se o vento.