Eduardo Guerra Carneiro
O ano de 2004 começou com a morte de Eduardo Guerra Carneiro, um dos mais interesantes e esquecidos poetas portugueses do final do século passado.
O avis, o almocreve e o rui almeida recordam-no muito justamente.
Deixo aqui ficar apenas um poema, roubado ao blog do rui, e uma pergunta: para quando uma antologia dos poetas esquecidos? Com o Eduardo, e o Sebastião Alba e o António Gancho e ...
As cores
Amarelo sobre lilás, faixas de
laranja e muito verde. Do outro lado
o castanho terroso, o azul pálido,
alguma prata na neblina.
Rompe-se depois o vermelhão,
entre o ultramarino, e um vago
sépia surge nos contornos brancos.
O voo cinzento das aves risca
esta paisagem e apenas em fundo,
tremura junto à praia, a rebentação.
Quase sem tempo, nem espaço
para os versos, distingo ainda
um ovo de luz a afundar-se
enquanto a Outra assume a dignidade.
(de Profissão de Fé, Quetzal editores, 1990 - Grafitti)