abril 19, 2004

Dois poemas de Vincent Bengelsdorf


Não somos este nem este, mas deixamos aqui dois poemas do Vincent, na tentativa de cumprir um sonho:

Não há escolhas no Paraíso

Aprendo as cores com os teus olhos,
que fazer com toda esta liberdade?
As portas estão abertas e revelam-nos
o centro do maior espectáculo do mundo,
aqui não é preciso escolher o bem maior,
Nirvana ou Dostoiévski, Benfica ou Sophia,
podemos ser tudo ou nada, algo o dirá.

De resto, já pouco haverá a temer:
os fármacos mataram a tragédia clássica
e já não é possível morrermos de amor.
Avança comigo, vamos dançar.


Carrinhos Matchbox

Chegou também ao quintal o Inverno,
os ramos são raízes no céu de escuridão.
O homem olha o abandono, as ervas altas
e já não sabe se os pássaros voltarão.
Pega nas chaves do Dodge Daytona
e sente nelas o peso quente do Verão.
Irá correr pela noite e voltará numa manhã,
com o Sol dançando na palma da mão.