julho 23, 2004

Procura-se poema perdido de Mário Sá Carneiro

ou a expressão enigmática de que fala o Nava. Alguém sabe qual é?

Final

Não foi sem dificuldade que este livro rompeu através dos intersticios do mundo até chegar às tuas mãos, leitor, para aí, como um deserto a abrir noutro deserto, criar uma irradiação simbólica, magnética, onde o branco do papel e o negro das palavras, essas cores que segundo Borges se odeiam, pudessem fundir-se e converter-se nessa outra a que, na enigmática expressão de Sá Carneiro, a saudade se trava. Como um desses objecto cujo peso, assim que neles pegamos, instantaneamente se divide entre as nossas mãos e a alma, é mesmo de crer que ele esteja já dentro de ti, e algo de mim com ele. Acolhe-o, pois, com benevolência, que, chegada a altura, havemos de arder juntos.


Luís Miguel Nava, Vulcão, Poesia Completa, Publicações D. Quixote, 2002