janeiro 13, 2005

No nosso restaurante (4 de 7)

Ele deve ser um poeta, daqueles que escrevem versos em prosa, para a gaveta. A mancha do seu texto é tão bonita, consigo vê-la daqui através de uma estranha combinação de espelhos e reflexos na parede. Mesmo sem compreender o que escreve, sei que é um poema, pela lenta procura das vírgulas, das palavras, ainda que em prosa.
Hoje sentei-me longe das mesas do fundo, para o poder observar melhor, hoje sou eu que escrevo enquanto espero pelo almoço. No meu bloco de capa preta. No nosso restaurante.

(continua)