agosto 25, 2005

A Torre

Naquela noite voltara a sonhar com a Torre.
Voava por cima das árvores, por cima daquela casa que se distanciava das outras na estreita faixa de terra, por cima das rochas, frente ao mar. Eu e os pássaros, toda a vida esperara por ser assim. Um só animal, uma só palavra em todos os locais que já tinha visitado, em todas as suas sombras espalhadas pelas paredes brancas das casas como num arco-íris a preto e branco, uma história a preto e branco.

agosto 24, 2005

(apontamentos)

a modulação da luz nos olhos verdes
o mundo no fim das tuas noites
um cão azul
grey is my favourite colour
water and whisky
a fachada de uma igreja
uma porta azul
pão de centeio, escuro
bugigangas

O senhor da cana verde

(...)
Não apontei ao rosto lívido, aos joelhos
resignados, ao peito descansando
numa ferida. Um homem sem desejos
gosta apenas de sentir as grades,de ouvir
a música de dez cêntimos ao encontrarem o chão.

Manuel de Freitas, Telhados de Vidro, Nº4 Maio de 2005

Aquela coisa no meio

Se nada somos neste mundo, sejamos tudo

Pega na pá e começa a cavar

Façamos nós por nossas mãos, tudo o que a nós diz respeito

No chão da fábrica, para lá da compreensão dos ossos.