maio 31, 2004

Finalmente o site

Finalmente a Assírio & Alvim tem um site próprio. Permite-nos pesquisar por autor, pelo catálogo, enviar poemas e comprar on-line. Tem também disponível um alargado arquivo da revista A Phala. Já fazia falta.

Matéria Solar

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Claro que os desejas, esses corpos
onde o tempo não enterrou ainda
os cornos fundo — não é o desejo
o amigo mais íntimo do sol?
Que os desejas, como se cada um
deles fosse o último, último corpo
que o teu corpo tivesse para amar

Eugénio de Andrade, Matéria Solar

A liberdade de uma gaiola

Neste fim de semana o meu agregado familiar aumentou:



Será que o posso incluir no IRS?

O progresso ou os anjos de Paul Klee

O olho do girino é um bom blog. Ainda não li tudo, mas prometo voltar em breve. Entretanto deixo aqui o link. Lá existem anjos de Klee ao lado de pontes para a Europa. E uma frase: como uma arte de entrega à imaginação da memória dos cheiros


In the mood for...

Porque há poemas que dizem tudo:

Queima-te a espaçosa
desarrumação das imagens. E trabalha em ti
o suspiro do sangue curvo, um alimento
violento cheio
da luz entrançada na terra.


Herberto Helder, A Carta da Paixão (excerto)

maio 28, 2004

Novo template

Uma primeira versão do novo template está em teste, a partir de hoje. Pedimos desculpa se alguma coisa funcionar mal.

maio, 25, 7:30


uma chuva fina encarde a
manhã, atrai o frio

no pinheiro, se encolhem
os passarinhos

e aqui dentro, o cheiro de
café novo aquece

a alma de quem — mesmo
sem asas —

insiste em alçar vôo, em
se reinventar.

Márcia Maia


maio 27, 2004

Futebol Clube do Porto


Ontem e hoje escreve-se PORTOgal. Amanhã volta tudo ao mesmo.

maio 21, 2004

Nova caixa de comentários - Informação do departamento técnico


O blog O Cheiro a Torradas pela Manhã passa, a partir de hoje, a ter uma nova caixa de comentários.
Esta alteração surge pela limitação a 5 comentários, do serviço gratuito do Backblog. Durante alguns
dias será possível visualizar ambas as caixas de comentários. Depois serão apagados todos os
comentários anteriores. Pedimos desculpa a quem utilizou este serviço e agradecemos que passem a utilizar
a caixa do lado direito.
Para breve uma alteração do template.

O Director técnico.


maio 19, 2004

Quem vou ser


Serei criada do sonho do meu pai e da minha mãe
isto se não nascer homem, nesse caso serei Pedro,
serei fruto do tempo de espera (ou carência)
do seguro de saúde que evita que nasça
num hospital público. Isto se não nascer
antes do tempo. Serei irmã, filha, neta, sobrinha,
serei tudo aquilo que tu quiseres.

Era uma vez o espaço


A Cláudia tinha razão, esqueci-me deste(s).



Corrigido o erro, vamos lá cantar com o Paulo de Carvalho:

Lá em cima há planícies sem fim
Há estrelas que parecem correr
Há o Sol e o dia a nascer
E nós aqui sem parar numa Terra a girar

Lá em cima há um céu de cetim
Há cometas, há planetas sem fim
Galileu teve um sonho assim
Há uma nave no espaço a subir passo a passo

Lá em cima pode ser o futuro
Alegria, vamos saltar o Mundo
E a rir, unidos num abraço
Vamos contar uma história
Era uma vez o Espaço

Lá em cima já não há sentinelas
Sinfonia toda feita de estrelas
Uma casa sem portas nem janelas
É estenderes o braço e tu estás no Espaço!


Quem quiser o mp3 é só pedir

Um pássaro te darei




roubado 'daqui':

Um Pássaro me Hás de Dar

Em manhã de pastoreio
ovelhas apriscando
largarás de tuas cismas
e cajado
que um pássaro me hás de dar
quando me amares.

Leve levemente mo trarás
das fontes dos teus olhos
sem nenhum pensamento
sem gesto liberto
a mansidão do teu silêncio
apenas.

À minha face matutina
descerá uma carícia
de pássaro
pousado.

Zila Mamede
(1929-1985)

in, Navegos,Editora Vega, Belo Horizonte, 1978


Problema de identidade


Também não sei cantar a música do 'Marco', não vi o Era uma vez o Espaço,
nem o Vickie ou o Jacky (parecem-me um pouco abichanados, não?). As misteriosas
cidades de ouro são para mim tão misteriosas como o ouro que nem nos meus dedos vejo.
No fundo acho que não sei quem sou.

O jogo do bicho


O bicho está de volta. Viva o bicho!

maio 14, 2004

Nesta última tarde em que respiro


Nesta última tarde em que respiro
A justa luz que nasce das palavras
E no largo horizonte se dissipa
Quantos segredos únicos, precisos,
E que altiva promessa fica ardendo
Na ausência interminável do teu rosto.
Pois não posso dizer sequer que te amei nunca
Senão em cada gesto e pensamento
E dentro destes vagos vãos poemas;
E já todos me ensinam em linguagem simples
Que somos mera fábula, obscuramente
Inventada na rima de um qualquer
Cantor sem voz batendo no teclado;
Desta falta de tempo, sorte, e jeito,
Se faz noutro futuro o nosso encontro.

António Franco Alexandre
in Uma fábula, Assírio & Alvim

maio 13, 2004

Parabéns




Um ano e meio depois estes olhos continuam à procura.
O que irão encontrar nos próximos 18 meses?

Fátima




No dia de hoje são esperadas entre 300 a 500 mil pessoas em Fátima, ou seja, nas previsões mais optimistas cerca de 5% dos portugueses residentes no nosso país (tendo em conta o último censo).
Fátima sempre foi uma questão de números: o número de aparições, de peregrinos, de segredos, de visitas do Papa ao nosso país, de velas a arder, de imagens e medalhas à venda, o número (enorme) de euros que vais custar o novo santuário. Só a fé não é possível contabilizar, nem o tamanho do silêncio que sempre guardo, respeitosamente, quando vejo a procissão das velas (na televisão). Eu que nunca entrei no santuário, eu que prefiro as igrejas abandonadas, ou as pequenas e antigas das aldeias.


maio 12, 2004

A razão porque não sei cantar a música do Marco


Primeiro foi este:



depois este:



e por fim este:



que me ensinaram a ser criança.
E hoje?



Sempre preferi esta luz a todas as outras


Lamparina

Agora que escurece, impregnam-me
a carne os sucos da memória, essa memória
que, pela sua força unicamente,
a ergue entre os destroços e a alumia
como uma lamparina
onde as lembranças fossem o azeite.

Luís Miguel Nava
Poesia Completa, Publicações D. Quixote, 2002

A propósito de um mail sobre ossos e cemitérios...


Estacas

Os meus ossos estão espetados no deserto, não há um só no meu corpo que lhe escape. Cravados todos eles na areia do deserto, uns a seguir aos outros, alinhados. Seria absurdo falar-se de esqueleto. A pele foi entretanto soterrada, há quem já tenha caminhado em cima dela. Quem diria? A pele, outrora hasteada, uma bandeira, quase uma coroa. O vento apoderou-se-me das vértebras. O próprio sol que entre elas brilha é descarnado, um sol deserto, onde o deserto penetrou. Talvez pudéssemos lavá-lo, este deserto, quem sabe, ou amarrá-lo, amordaçá-lo. A pele garante o espaço, o resto logo se veria.

Luís Miguel Nava
Poesia Completa, Publicações D. Quixote, 2002

Sempre gostei mais deste adeus do que do outro


ADEUS

Como se houvesse uma tempestade
escurecendo os teus cabelos,
ou se preferes, a minha boca nos teus olhos,
carregada de flor e dos teus dedos;

como se houvesse uma criança cega
aos tropeções dentro de ti,
eu falei em neve, e tu calavas
a voz onde contigo me perdi.

Como se a noite viesse e te levasse,
eu era só fome o que sentia;
digo-te adeus, como se não voltasse
ao país onde o teu corpo principia.

Como se houvesse nuvens sobre nuvens,
e sobre as nuvens mar perfeito,
ou se preferes, a tua boca clara
singrando largamente no meu peito.

Eugénio de Andrade

maio 11, 2004

Quanto tempo falta para um barril de água custar o mesmo que um de petróleo?


Andava pelo deserto á procura de água. Encontrei petróleo. Morri de sede.

Provérbio Árabe

maio 07, 2004

O céu


Assoam-se-me à alma, quem
como eu traz desfraldado o coração sabe o que querem
dizer estas palavras.
A pele serve de céu ao coração.

Luís Miguel Nava
Como alguém disse
Poesia Completa, Publicações D. Quixote, 2002

Maravilhas da ciência


Já arranjei um culpado para os meus esquecimentos: o anterior cingulado!

maio 05, 2004

Coming soon (again)





maio 03, 2004

Lugar das palavras


A melhor iniciativa da blogoesfera portuguesa, depois da poesia vai acabar, está aqui, como que a provar que a tal blogoesfera não é só uma melada indistinta interminável antologia poética.
Obrigado Claire Lunar